segunda-feira, 22 de novembro de 2010

O que queremos do Windows 8

Para o bem ou para o mal, o fato é que neste fim de semana o Windows completou 25 anos -- a primeira versão dele foi lançada dia 20 de novembro de 1985. Se pedíssemos para as pessoas usarem uma palavra para descrever os 25 anos de história do sistema operacional da Microsoft, provavelmente a palavra "conturbada" seria bem popular. E não há mesmo muitas palavras melhores para se usar frente a tal pedido.

Como será o visual do Windows 8? E quando ele chega?
No meio do ano, o mundo teve a primeira chance de ver o que poderia estar nos planos para o Windows 8 quando o site italiano Windowsette.com publicou vários slides de PowerPoint que supostamente seriam internos da Microsoft e teriam vazado. A maioria dos slides terminavam com um disclaimer afirmando que se tratavam de uma "discussão do Windows 8", e não de um plano de ação, mas ainda assim eles dão algumas boas pistas sobre o futuro.
Provavelmente o slide mais intrigante e surpreendente de todos é um que não apenas admite o sucesso de um grande concorrente, como ainda o torna um exemplo. Intitulado "Como a Apple faz: um círculo virtuoso", o slide fala sobre a percepção de uma experiência positiva de uso dos clientes da Apple e exalta a satisfação dos clientes com os seus produtos, e por sua vez a lealdade à marca que isso gera, e os lucros trazidos por essa lealdade.
Outro slide importante, intitulado "Foco: capacidades de hardware", apresenta um protótipo de PC tudo-em-um para argumentar que o formato físico dos sistemas que usam o Windows está evoluindo. Acompanhando esta imagem estão vários bullet points discutindo aspectos diversos, desde login por reconhecimento biométrico (a apresentação depois prevê que "integração com câmera será onipresente até 2012"), controles por voz, display de toque com "com cinco ou mais pontos de contato para melhor amostragem". Prosseguindo, uma seção "Sensores" faz alusão ao suporte de recursos como sensores de proximidade infravermelho, sensores de sleep/wake por proximidade e sensores de luz que automaticamente ajustam o brilho da tela de acordo com a luz ambiente e as condições do local.

O que veremos?

Em vez disso, o que nós -- e todos com quem conversamos -- esperamos ver no Windows 8 é uma mudança de foco, de uma computação baseada no sistema para uma baseada no usuário. Este não será um desafio simples. As implicações de uma mudança assim são massivas, com milhares de possíveis efeitos colaterais. Também esperamos ver melhorias no desempenho e implementação de recursos projetados não apenas para superar a Apple, mas também o Android e o Chrome OS. A relativa estabilidade do Windows 7 deve ser de grande ajuda nesta missão, já que permite à empresa se concentrar em adicionar recursos em vez de consertar bugs. "O Windows está sob ataque de todos os lados, com o iOS e o Android/Chrome o ameaçando", disse um dos nossos fabricantes anônimos. "Ele ainda está com um embalo incrível e não vai deixar isso passar, mas o sistema operacional do futuro precisa ser mais ágil e veloz".
Como sempre, um dos objetivos será diminuir o tempo de boot, e a invasão dos SSDs — que nós apostamos que serão padrão em computadores de preço médio e alto até o fim do ano que vem — ajudará com isso. "Estamos pedindo à Microsoft por tempo de inicialização menor que 30 segundos", nos contou um dos fabricantes. Com a constante evolução de poder da plataforma PC, não ficaremos surpresos de ver o Windows 8 inicializando-se em menos de 20 segundos.
Quase todos os especialistas consultados foram firmes em insistir que o Windows implemente um modo "instant-on" (ligado instantaneamente). Em um mundo ideal, com um sistema estável, o tempo de boot não importaria tanto, já que um modo instant-on é essencialmente o mesmo que acordar de um modo standby. De qualquer forma, o recurso é uma inevitabilidade com todo o esquema de streaming de mídia e acesso remoto que certamente virá em futuras iterações de todos os sistemas operacionais. Atualmente, instabilidades causadas por drivers de display e incompatibilidades continuam atrapalhando os sistemas na hora de acordar. A Microsoft terá que resolver a situação dos drivers de terceiros em nível de código e distribuição. Sem surpresas aqui: veremos modos mais efetivos de certificar e automaticamente distribuir estes drivers.
Vamos também tirar do caminho as outras melhorias inevitáveis. Pedidos universais incluem integração mais profunda com agenda e contatos, além de redes sociais — preferivelmente no nível de desktop, não do navegador ou mesmo de programas. A popularidade do desktop altamente dinâmico do Android também nos faz esperar ver mais (e mais úteis) aplicativos no estilo widget, múltiplas visualizações de área de trabalho que possamos alternar de acordo com contexto e situação e melhorias na barra de tarefas e nas notificações de sistema. Também há, obviamente, espaço para melhorias na resolução de problemas e diagnósticos.
Mas chega de falar de coisas pequenas. Vamos dar uma olhada nas maiores funcionalidades e recursos que esperamos ver no Windows 8.


O que não veremos?

Surpreendendo a ninguém, quando perguntamos ao nosso painel de fabricantes independentes o que eles mais queriam no Windows 8, recebemos uma grande variedade de respostas. Muitos deles elogiaram o Windows 7 por ser estável e rápido. Um dos membros, Kelt Reeves, dono da Falcon Northwest, nos contou que a sua empresa ainda está faturando alto com vendas do Windows 7, tanto que a sua única esperança com o Windows 8 "é que eles não estraguem todo o progresso que fizeram com o Win7!".
Já que parece estar acontecendo um ciclo de dois anos de desenvolvimento, em vez do tradicional ciclo de cinco anos -- mais sobre isso a seguir --, é provável que a Microsoft não vá introduzir nenhuma grande tecnologia fundamental no Windows 8. Dada a estabilidade e confiabilidade do kernel NT que tem servido como fundação para todas as versões recentes do Windows, é improvável que veremos mudanças significativas nele. E graças à satisfação que a implementação da interface Aero trouxe tanto aos fabricantes quanto aos usuários, é improvável que veremos mudanças significativas no esquema de interface, além das melhorias relacionadas com as telas de toque.

Sistema Operacional baseado na nuvem

Nós também já estamos ficando cansados de ouvir falar dessa tal "nuvem" — ela parece ser uma evolução óbvia, e uma que já está por aí por algum tempo —, mas ela será extremamente relevante enquanto a Microsoft está se alterando para uma arquitetura com foco no usuário para o Windows 8. Mas o que isso significa em termos de recursos propriamente ditos? Primeiro: empresas como Dropbox, Carbonite e outras com foco em serviços de armazenamento e backup online devem ficar preocupadas, porque o Windows 8 incluirá suporte ao SkyDrive em nível de Gerenciador de Arquivos, que permitirá salvar e acessar arquivos a partir de qualquer lugar e em qualquer aparelho.

Falando nisso, também veremos uma implementação robusta de toda a suíte Office da Microsoft via Office Live. A grande diferença será o fato de que ela será implementada no próprio sistema operacional. Nós enxergamos a Microsoft cobrando por isso de forma similar ao que acontece no Xbox Live — vários tipos de assinaturas por períodos diferentes darão acesso aos aplicativos do Office Live, assim como sistemas de nuvem, vídeos e filmes, além do mercado de apps do Windows.
Virtualização
Até hoje, o recurso de virtualização nos parece subaproveitado, e esperamos que isso comece a mudar com o Windows 8. É difícil prever agora como isso vai funcionar além de processos virtuais de aplicativos e zonas seguras em quarentena para navegadores e aplicativos. Um dos especialistas que consultamos para esta matéria nos deu uma ideia interessante ao sugerir que a Microsoft implementasse um "modo de alta performance para games que desligasse temporariamente serviços e tarefas desnecessárias com apenas um clique". Concordamos. Nós levamos esta ideia um passo adiante e começamos a contemplar as possibilidades de combinar uma virtualização acelerada por hardware com serviços de jogos baseados na nuvem. Imagine um serviço como o OnLive, que usa virtualização, mas que também ofereça acesso simples e sem latência à camada de hardware do seu PC.
A virtualização também pode ser usada para melhorar a conectividade remota e interoperabilidade entre aparelhos móveis e o Windows. Não é um absurdo imaginar a Microsoft chegando com um aplicativo que tire vantagem da tecnologia VirtualPC da empresa e permita aos usuários conectarem-se e usarem o seu aparelho móvel de forma completa e automática. A virtualização pode ser usada para duplicar e hospedar um ambiente como este, que chamaremos de "Windows Teleporter". Isso seria fácil de conseguir com o Windows Mobile OS, mas obviamente exigiria soluções mais complicadas e conflituosas para funcionar com BlackBerry, Android e iOS.
Armazenamento
O Windows 7 veio com suporte à função Trim, que permite ao sistema operacional se comunicar com um drive de estado sólido sobre quais setores são OK para acúmulo de lixo, e tornou prático o uso dos SSDs para os consumidores. No entanto, o espaço em SSDs ainda é bastante limitado, portanto ele é melhor usado para aplicativos, não documentos. O recurso de bibliotecas do Windows 7 facilitou a configuração de bibliotecas com ligação a drives externos, mas descarregar todos os programas significava mexer com ligações simbólicas para enganar os programas que salvam no C:\ independente de onde estão armazenados. Assim, esperamos que o Windows 8 inclua maior separação entre os aplicativos e os dados (como o Linux) e permita total disassociação entre a partição do sistema operacional e o local de armazenamento de dados e documentos — ou que pelo menos tenho um assistente para mover a pasta Documentos.

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