domingo, 7 de novembro de 2010

Boom em sites de compra coletiva


Internautas enfrentam problemas na hora de usufruir de produtos e serviços comprados devido ao excesso de procura pelas ofertas

Rio - O mercado de compras coletivas cresce a passos largos. Só no mês de setembro, os adeptos dos sites do tipo Peixe Urbano — que vendem cupons de desconto de até 90% em produtos e serviços — superaram 4,5 milhões de pessoas, segundo a Nielsen-IBOPE. Isso representa um aumento de 25% em relação ao mês anterior. Junto com a procura pelas promoções, cresce também a fila de espera nos salões de beleza, restaurantes, hotéis e estabelecimentos que realizam ofertas pela internet. Com o aumento nas vendas, consumidores têm enfrentado problemas para utilizar seus cupons porque os prestadores de serviço estão com horários cheios — e até mesmo produtos esgotados.

“Comprei duas diárias em um hotel em Búzios no início do mês. Demorei 15 dias para ligar e fazer a reserva e só havia datas disponíveis para junho de 2011”, lamenta a estudante Fabiana Pimenta, 27 anos, usuária assídua de sites como Peixe Urbano, Clube Urbano, e agregadores como o Save Me, que reúnem ofertas de vários em uma única página. A estudante Bianca Ghiggino, 27, também teve contratempos para gastar seu cupom. “Adquiri um desconto no yakissoba de salmão de um restaurante japonês e, quando cheguei lá, não havia o prato. O gerente quis que eu comesse outra coisa, mas não concordei. Como o prazo de uso do cupom expiraria em 7 dias, negociamos e ele acabou ampliando a validade”, conta ela, que acredita ter saído no prejuízo. “Já que fui até lá, paguei por outro prato, mas não comi o que queria”, reclama.

Os sites de compra coletiva afirmam que têm adotado medidas para evitar esse tipo de transtorno. Sabrina Brito, fundadora do Juntou Comprou (juntoucomprou.com) — que em 2 meses de atividade soma 50 mil usuários — faz acordos com os parceiros para saber de antemão o número exato de ofertas disponíveis. “Há uma multa prevista no contrato caso o parceiro não atenda a demanda estipulada”, explica. Já o pioneiro do ramo, Peixe Urbano, que soma 1 milhão de cadastrados, faz treinamento com parceiros. “Orientamos sobre aumento no estoque, e aconselhamos que sejam recrutados mais funcionários”, destaca Letícia Leite, porta-voz do Peixe Urbano.

Os usuários têm apelado para estratégias na hora de garantir vaga. Uma boa dica é conferir com a empresa se a oferta está disponível antes de comprar. “Antes de pagar por um peeling, ligo para o centro estético e já agendo horário”, diz Fabiana.

Reavendo prejuízos

Se as ofertas são tentadoras, as condições de uso nem tanto. A principal recomendação aos adeptos dos sites de compras coletivas é estar atento ao regulamento de cada oferta. “Verifique a validade dos cupons e, se houver restrições ao uso, cheque quais são elas”, aconselha Mariana Alves, advogada do Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec). “Quando compra um cupom, o usuário deve estar ciente de que é um tipo de venda diferenciado, em que ele não tem a garantia de horário e data e, na maioria das vezes, está sujeito à disponibilidade de um item ou serviço”, alerta a advogada Polyanna Carlos Silva, do Pro Teste, Associação Brasileira de Defesa do Consumidor. Ela afirma que, nos casos de indisponibilidade do serviço/produto escolhido, o consumidor tem o direito de buscar o Procon e ser ressarcido, se desejar, ou negociar com o estabelecimento. E lembra ainda que, mesmo que a culpa seja do estabelecimento, o site também é responsável.”Ele é a plataforma de publicação da informação. Portanto, site e prestador são responsáveis solidários”, explica.

A melhor saída é mesmo utilizar as manhas de quem já conhece a ferramenta. “Só compro cupons com prazo longo”, conta Simone Motta, administradora de empresas. Já Leonardo Reis, analista financeiro, opta por serviços pouco procurados.“Comprei 2 aulas de vela que só tiveram 52 compradores”,diz.

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